É um ciclo

No inicio deste ano a minha mãe decidiu inscrever-se no programa das Novas Oportunidades para concluir o 9º ano. Eu não sei se o programa das Novas Oportunidades está bem ou mal feito, mas o que toda a gente diz é que as pessoas só têm de fazer um trabalho sobre a própria vida e no final toma lá canudo e não digas que vais daqui. Também não sei qual é a justiça deste sistema e muito menos a sua eficácia, mas pronto, o que eu sei é que a minha mãe, a pessoa com mais energia que eu conheço para um metro e meio, meteu-se nisto apesar de passar todo o dia a trabalhar. E eu ajudei-a, porque não sou uma filha vagabunda que já esqueceu que foi ela que me ajudou com os trabalhos de casa aqui há uns anos. Continuando, isto de ser só um trabalheco e já está, não é bem assim. Eu bem vi o trabalhão que aquilo deu e o empenho com que as coisas foram feitas. E se quiserem, comparem à vontade o facto de um miúdo de 14 anos ter de fazer 18 disciplinas enquanto a minha mãe de 53 só teve de assistir a aulas durante 6 meses e fazer um trabalho. Não vou avaliar nada disso. O que eu sei é que quando ela foi, esta semana, fazer a apresentação do trabalho perante o júri e em frente a um auditório cheio de gente, aquilo foi um orgulho que eu sei lá. Chegou-me a lágrima ao olho. Por isso não, eu não estou aqui para dar a minha opinião sobre as Novas Oportunidades, até porque já se sabe agora que vão acabar, mas dou-vos a minha opinião sobre a minha mãe: ela é mesmo a melhor.