quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Que parva

De repente parece que a blogosfera ficou on fire com o tema da geração rasca, à rasca, desenrasca, o que seja. O tema dos Deolinda é muito lindo, mas logo se levantaram vozes a dizer que esta juventude quer é tudo de mão beijada.

Estou cansada de ler gente que, para provar que antigamente é que havia espírito de sacrifício, enumera os mil estágios não remunerados, as viagens gigantes até ao local de trabalho precário e a falta de mordomias. Nada de concertos, cigarros ou viagens!

Que isto de ser licenciado é mais um estatuto que todo o mundo quer do que outra coisa. Que já deviam saber que os estudos não garantem emprego. Que ninguém vai trabalhar para a fábrica porque tem a mania. Que quem não sofre não mama. "Que eu bem sei o que é procurar e trabalhar sem receber e que tem de se ir à luta seus meninos da mamã que moram em casa dos pais..."

Esta listagem de gente sofredora que vingou na vida começa a fazer-me espécie. Parabéns people, por estarem tão bem, por serem uns verdadeiros self-made-man, mas pelo menos reconheçam que há gente em apuros e não é por terem lutado menos ou tentado menos fazer parte da geração que consegue respirar sem que o cinto esteja sempre a sufocá-los.

De repente parece que querer viver num país melhor se tornou numa ideia de gente mimada. Menos...

1 comentário:

  1. Toda esta flame war (ah ah, on fire, flame war, tão espirituosa que sou - Not!) é completamente parva, porque se baseia numa verdade de la Palisse.
    Eu explico: haverá alguma geração que não tenha pelo menos parte dos seus membros à rasca? E haverá alguma geração que não tenha gente que tem tudo de mão beijada e que vive à custa dos papás? E por aí fora? Há de tudo isto, em todas as gerações, meus amigos, e não vale a pena estarmo-nos a chatear por causa disto. A diferença é que agora andamos quase todos com uma mão atrás e outra à frente (muitas vezes estendida). E se calhar também somos mais queixinhas, vá.
    Ide, meninos, ide mas é trabalhar,ide. :D

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